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As estatísticas podem ser uma ótima ferramenta para analisar conjuntos de dados, e ao mesmo tempo, podem revelar um cenário preocupante quando se trata de uma realidade completa. Por exemplo, dados recentes sugerem que a cada três minutos uma pessoa nos Estados Unidos é diagnosticada com algum tipo de câncer no sangue. Embora esse dado mostre que ainda temos um longo caminho a percorrer no combate a cânceres como a leucemia, há uma luz no fim do túnel, dados do Instituto Nacional do Câncer mostram que as taxas de sobrevivência a cinco anos para leucemia e outros tipos de câncer no sangue aumentaram consideravelmente nos últimos 60 anos.
Para melhorar as taxas de sobrevivência e ajudar nas pesquisas científicas de uma das formas mais graves de leucemia – leucemia mieloide aguda (LMA) – pesquisadores da Universidade do Texas em San Antonio (UTSA) e do Anderson Cancer Center da Universidade do Texas criaram um atlas on-line para identificar e classificar as assinaturas de proteínas presentes no diagnóstico da LMA. Infelizmente, apenas cerca de uma em cada quatro pessoas diagnosticadas com LMA sobrevive cinco anos após o diagnóstico inicial.
As novas classificações dessas proteínas ajudarão pesquisadores e médicos a recomendar melhores tratamentos através de uma medicina personalizada para pacientes que sofrem desse câncer agressivo que ocorre no sangue e na medula óssea. Os resultados do estudo foram divulgados na revista Nature Biomedical Engineering através de um artigo intitulado “Uma análise quantitativa das heterogeneidades e características da leucemia mieloide aguda“.
No estudo, os pesquisadores examinaram a diversidade genética, epigenética e ambiental que ocorre nas células cancerígenas devido à LMA. Analisando triagens proteômicas de 205 biópsias de pacientes obtidas do Anderson Cancer Center, os pesquisadores desenvolveram um novo método computacional chamado MetaGalaxy para categorizar as assinaturas de proteínas em 154 padrões diferentes com base em suas funções celulares e vias no câncer.
“Aqui, nós fornecemos uma compreensão quantitativa abrangente de heterogeneidades do complexo de proteínas da LMA e marcas usando o Atlas de Proteínas da LMA, umbanco de dados derivado de análises do MetaGalaxy do perfil proteômico de 205 pacientes com LMA e 111 linhas celulares de leucemia” afirmam os autores. “A análise revelou 154 padrões funcionais baseados em vias moleculares comuns, 11 constelações de padrões funcionais correlacionados e 13 assinaturas que estratificam os resultados dos pacientes. Encontramos uma sobreposição limitada entre dados proteômicos e citogenéticos e mutações genéticas. Além disso, as linhas celulares da leucemia mostram semelhanças proteômicas limitadas com células de pacientes com LMA, sugerindo que é necessário um foco mais profundo em amostras derivadas de pacientes para se ter melhor entendimento da doença.”
Ao abordar este desafio de desenvolver um mapa quantitativo para cada paciente de leucemia a partir da expressão proteica no sangue e medula óssea, em vez das métricas qualitativas e riscos genéticos por si só, os pesquisadores serão capazes de categorizar mais rigorosamente os pacientes por grupo de risco e prever melhor a progressão do tratamento.
Para entender melhor as características da LMA e sua heterogeneidade do complexo de proteínas e compartilhar os resultados de seu trabalho com outros pesquisadores, os cientistas construíram um portal conhecido como Atlas Proteômico da Leucemia. O portal oferece aos oncologistas e cientistas do câncer as ferramentas necessárias para investigar os padrões de expressão das proteínas da LMA de um paciente para o outro. Fornecendo a pesquisadores em todo o mundo pistas para novas pesquisas sobre leucemia e um novo sistema computacional.
Como muitas mutações genéticas não podem ser classificadas, o processo de identificação proteômica usado neste estudo acelerará a identificação de alvos terapêuticos. Também impulsionará muito mais os pesquisadores a desenvolverem combinações de terapias personalizadas para pacientes de acordo com as assinaturas das proteínas.
“A leucemia mieloide aguda se apresenta como um câncer tão heterogêneo que muitas vezes é descrito não como um, mas uma coleção de doenças“, afirma a pesquisadora co-sênior do estudo Amina Qutub, professora associada do departamento de engenharia biomédica da UTSA. “Para decifrar as pistas encontradas nas proteínas do sangue e da medula óssea de pacientes com leucemia, desenvolvemos o MetaGalaxy para identificar as marcas moleculares da leucemia. Essas características são análogas à maneira como as constelações guiam as embarcações: elas fornecem um mapa com as mudanças de proteínas da leucemia. Nossas ‘marcas registradas’ já catalogadas estão sendo experimentalmente testadas através de um rastreio de drogas e podem ser ‘programadas’ nas células através da manipulação sintética de proteínas. “
Qutub concluiu que “um próximo passo para trazer este trabalho para a clínica e impactar o atendimento ao paciente é testar se essas assinaturas levam ao crescimento agressivo ou resistência à quimioterapia observada em pacientes com leucemia. Ao mesmo tempo, para acelerar rapidamente a pesquisa em leucemia e promover a busca por tratamentos, as marcas estão disponíveis on-line onde colegas pesquisadores e oncologistas de todo o mundo usarem dos recursos, ferramentas e descobertas, LeukemiaAtlas.org”.
Texto original: https://www.clinicalomics.com/news-and-features/leukemia-protein-atlas-holds-power-to-accelerate-precision-medicine/