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O dia internacional da mulher também é uma data para conscientizar. A trombose é uma doença com consequências muito graves, mas tem cura e pode ser prevenida. É caracterizada pela formação de coágulos de sangue no interior das veias, bloqueando de forma parcial ou total a passagem do sangue. O público feminino é mais comumente atingido pela doença decorrente de alguns fatores que trataremos a seguir.
Estima-se 180.000 novos casos de trombose venosa no Brasil a cada ano |
Você já escutou que pílulas aumentam o risco da ocorrência da trombose. E esse fato está diretamente relacionado ao tipo de hormônio usado como contraceptivo. Recentemente, um hormônio considerado mais moderno está no radar de médicos e órgãos regulatórios. As pílulas que contém drospirenona apresentam maiores riscos do que contraceptivos orais que são à base de outros tipos de progestina.
Estudos apontam que contraceptivos contendo drospirenona aumentam de 4 a 6 vezes as chances de desenvolver tromboembolismo venoso, caracterizado pela formação de coágulos de sangue no interior das veias. Os coágulos de sangue são perigosos porque podem se desprender da veia e, pela corrente sanguínea, podem parar nos pulmões ou no cérebro bloqueando o fluxo sanguíneo. Podendo causar deficiência ou até mesmo a morte, mesmo em mulheres jovens e saudáveis.
Mas lembre-se, nem todas as pílulas que usam a drospirenona são iguais em sua ação e dosagem, e nem todo mundo responde aos efeitos da mesma forma. Doses mais baixas de hormônios tendem a causar menos efeitos indesejados. Mas para não ficar com dúvidas, tenha uma conversa aberta com o seu médico sobre os riscos da trombose e os diferentes tipos de anticoncepcionais. A decisão de qual o melhor método de controle de natalidade que oferece o menor risco para a sua saúde, a curto e longo prazo, deve ser conjunta.
No Brasil, quase 30% das mulheres em idade fértil usam pílula anticoncepcional |
Além de fatores externos, chamados de adquiridos (como o uso de hormônios, a idade avançada e o tabagismo), o público feminino é comumente atingido pela doença devido à maior frequência de problemas genéticos que desencadeiam a trombose. Estudos apontam que mais de 60% da predisposição à doença sejam atribuídos a esses fatores genéticos. Dois tipos de defeitos genéticos no fator de coagulação podem causar trombose venosa: mutações que resultam em deficiência dos inibidores naturais da coagulação e mutações com aumento do nível/função dos fatores de coagulação.
Como a maioria dos casos de trombofilias – propensão a formação de coágulos – é assintomático, e quanto maior a combinação de fatores adquiridos, maiores as chances da ocorrência da doença, como ter a certeza então? Ter o histórico da doença na família ajuda na tomada de medidas preventivas, mas podem não ser suficientes. E quem não tem nenhum histórico na família, está livre da doença?
O diagnóstico molecular para trombofilias é altamente relevante para a identificação de portadoras, naquelas situações em que a condição é possível, mas não obrigatória (filhas de mulher portadora). Ou ainda, naqueles casos em que, embora não exista história familiar prévia, ocorreu nascimento de indivíduo com a doença. O diagnóstico é fundamental para que seja realizado um acompanhamento médico correto a fim de decidir a melhor conduta e ações de prevenção que devem ser tomadas.
É uma das três principais causas de morte no mundo, depois do infarto e do acidente vascular encefálico |
Também chamado de protrombina, o Fator II é uma proteína sanguínea sintetizada no fígado, que auxilia no controle da coagulação. O gene responsável pelo Fator II está localizado no cromossomo 11 e sua mutação está associada diretamente ao aumento nos níveis de protrombina no sangue, aumentando o risco na formação de tromboses venosas.
O Fator V de Leiden é uma mutação na posição 1691 no gene do Fator V e resulta na resistência do Fator V à clivagem pela Proteína C ativada. Mutações nesse gene podem gerar um coágulo de sangue anormal, aumentando os riscos de trombose venosa.
O MTHFR é uma enzima-chave para certos processos biológicos, dentre eles a conversão de homocisteína em metionina. Mutações em genes que codificam essa enzima provocam redução significativa da atividade da mesma, causando a hiperhomocisteinemia. Essa condição está relacionada a risco elevado para doenças cardiovasculares e maus resultados gestacionais.
O MTHFR é uma enzima envolvida na remetilação da homocisteína em metionina, tendo como cofator a vitamina B12. Uma redução significativa na atividade desta enzima é devido à substituição do A1298C. Se a homocisteína não pode ser convertida em cisteína, ou devolvida à forma metionina, os níveis de homocisteína no corpo aumentam. Níveis elevados de homocisteína são associados a ataques cardíacos, acidentes vasculares cerebrais, formação de coágulo no sangue e no desenvolvimento da doença de Alzheimer.
O Inibidor do ativador do plasminogênio tipo 1 (PAI-1) é uma proteína de 48 kD que atua neutralizando a ação do ativador tecidual do plasminogenio (TPA) e inibindo a clivagem de plasminogênio em plasmina de modo a impedir a dissolução do coágulo. Ele é o principal inibidor dos ativadores de plasminogênio t-PA e da uroquinase u-PA. Em indivíduos normais é baixo, elevando-se em condições patológicas como tromboembolismo venoso, obesidade, doença arterial coronariana e sepse.
Mulheres que apresentam alguma das mutações acima tem de 7 a 8 vezes mais riscos de ter trombose venosa profunda |