Fechar
O transplante de órgãos é muitas vezes a única saída para a recuperação de um paciente. Segundo dados da Associação Brasileira de Transplante de Órgãos (ABTO), o Brasil é o segundo país em número absoluto de transplantes renais, apenas em 2016 foram realizados 5.492 transplantes. Apesar da expectativa da melhoria da qualidade de vida para o transplantado alguns cuidados são importantes para garantir a sobrevida do enxerto, entre eles diagnóstico precoce de doenças e o acompanhamento do paciente.
As infecções oportunistas são uma das principais causas de complicações após transplante, o que ocorre devido a condição do estado imunológico desse grupo. O BK vírus (BKV) está associado à nefropatia pós-transplante renal e aparece como a causa predominante de danos e subsequente perda do enxerto, sendo a maioria dos casos ocorridos no primeiro ano pós-transplante.
O BK Vírus foi identificado em 1971 a partir de um receptor de transplante de rim, sendo que as letras BK, correspondem as iniciais do nome do paciente. Estima-se que cerca de 60 a 90% da população já teve contato com o vírus e embora prevalente em todo o mundo, a infecção se apresenta assintomática ou combinada a sintomas leves do trato respiratório em indivíduos saudáveis. A infecção primária ocorre tipicamente na primeira infância e permanece de forma latente nos rins e no trato urinário.
Para a maioria a reativação do vírus é benigna, mas assim que a imunossupressão se inicia no momento do transplante a reativação do vírus nesses pacientes se torna relevante. A infecção ativa por BKV está diretamente associada à nefropatia, ocasionando mais de 50% dos casos de perda do enxerto renal.
Tipicamente o DNA do vírus torna-se detectável na urina antes que sua presença seja evidente no plasma, de modo que um resultado positivo no primeiro teste pode ser um fator preditivo de desenvolvimento subsequente de nefropatia. Assim, a detecção precoce e intervenção são importantes na prevenção de danos irreversíveis do enxerto, sendo recomendada a triagem de rotina para a infecção por BKV.
Nesse contexto, os ensaios moleculares, principalmente a PCR em Tempo Real, demonstraram ser a melhor ferramenta para a detecção do BKV. Além de mais sensível e específica que os métodos tradicionais, permite realizar a quantificação do vírus circulante no organismo. Essa quantificação da carga viral e o monitoramento dos pacientes é essencial para fazer a regulação dos imunossupressores, uma vez que não existe medicamento específico para o BKV e o tratamento é baseado na redução da dose das drogas. O objetivo é obter um diagnóstico precoce e intervir antes do desenvolvimento da nefropatia.