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O dia 13 de setembro foi instituído como o Dia Mundial da Sepse. A data é um lembrete e busca conscientizar a população sobre a síndrome que mata uma pessoa a cada segundo no mundo.
Apesar de ser um quadro muito perigoso, poucas são as pessoas que conhecem o que é sepse. Uma pesquisa realizada pelo Instituto Datafolha de 2014 revelou que 93,4% dos entrevistados nunca tinham ouvido falar sobre sepse. A situação mudou pouco desde então e o termo continua desconhecido para muitos.
Recentemente a atriz e cantora Rogéria, de 74 anos, veio a falecer em decorrência de uma complicação da sepse. Após ser internada num hospital do Rio de Janeiro com infecção urinária, seu estado foi se agravando, evoluindo para sepse e então choque séptico.
Segundo o Instituto Latino Americano de Sepse (ILAS) são registrados por ano, apenas no Brasil, cerca de 400 a 500 mil casos de sepse. A taxa de mortalidade do país é uma das mais altas do mundo chegando a 55%, ou seja, mais da metade das ocorrências resultam em óbito. São 240 mil pessoas que morrem em decorrência dessa complicação.
De acordo com o ILAS, sepse é um conjunto de manifestações graves em todo o organismo produzidas por uma infecção. A sepse era conhecida antigamente como septicemia ou infecção no sangue.
A definição de sepse ainda não chegou a um consenso entre os especialistas. A Society of Critical Care Medicine (SCCM) e a European Society of Critical Care Medicine (ESICM) promoveram uma conferência para chegar a concordância sobre a definição de sepse, que até o momento ficou estabelecida como “uma infecção associada à disfunção orgânica”.
Dessa forma, a sepse é considerada uma resposta inflamatória do corpo humano que atua como mecanismo de defesa contra uma infecção grave, geralmente causada por bactérias, mas também desencadeada por outros microrganismos como fungos, vírus ou parasitas. “Geralmente ela se desenvolve a partir de um foco infeccioso, como por exemplo uma infecção pulmonar ou no trato urinário. Se não controlada, essa bactéria se dissemina ou gera uma resposta intensa, multiplicando-se por todo o organismo” explica o Dr. Marcelo Pilonetto, especialista em Bacteriologia, professor da PUC-PR e microbiologista do LACEN, em entrevista para o Bio em Foco.
Infelizmente a sepse é hoje uma das principais causas de morte nas unidades de terapia intensiva (UTI), sendo que os números se intensificam em países com menos recursos. O grande desafio para combater esse cenário está justamente em reduzir o tempo necessário para fazer o diagnóstico. Métodos eficientes, com resultados rápidos podem melhorar o tratamento dado aos pacientes nestas condições.
Os sintomas da sepse não são muito específicos. Existe uma dificuldade muito grande da população para reconhecer que há algo errado e também por parte dos profissionais em realizar o diagnóstico.
Muitas vidas se perdem devido ao diagnóstico tardio de sepse e pela ineficiência terapêutica. Cada hora que se passa sem administração do antibiótico correto diminui a chance de sobrevida do paciente. Se não tratada a tempo a sepse pode comprometer o funcionamento de um ou mais órgãos, levando à morte.
De acordo com Pilonetto, “Esse tempo é tão crítico que existem vários estudos comprovando que se o uso de antimicrobianos for iniciado em até uma hora após o diagnóstico de sepse a sobrevida do paciente melhora. Tão logo você tenha o diagnóstico laboratorial de qual é microrganismo causador da sepse é possível fazer uma readequação dos medicamentos ou até mesmo um descalonamento dos antibióticos administrados”.
Hoje, o diagnóstico depende de critérios fisiológicos inespecíficos e da detecção de patógenos baseados em cultura. Isso resulta em incerteza diagnóstica, atrasos terapêuticos, uso inadequado ou excessivo de antibióticos.
Quando há suspeita de sepse sem o diagnóstico do microrganismo que a está causando são utilizados antibióticos de amplo espectro. Eles podem combater um grande número de bactérias e geralmente são os mais empregados para esses casos.
A partir do momento que se identifica a bactéria é possível realizar o descalonamento dos antimicrobianos, usando o medicamento de espectro restrito, específico para combater aquele patógeno. Dessa forma, reduz-se muito a resistência microbiana.
O uso racional de antimocrobianos é uma questão muito importante segundo Pilonetto. “Usar o antibiótico certo desde a primeira vez, não necessariamente o mais potente ou de mais amplo espectro. O papel do laboratório é fundamental nesse contexto, pois quanto antes for confirmado qual é o patógeno e a quais antibiótico ele é sensível, é possível validar se o tratamento aplicado é adequado ou não ao paciente. Os testes moleculares reduzem esse tempo de ajuste, dando um retorno mais cedo para o médico. Podemos considerar de 24 a 36 horas antes do que as metodologias convencionais”, afirma.
Assim a detecção precoce, a identificação precisa do patógeno causador e a administração do fármaco correto são fatores essenciais para o sucesso do tratamento dos pacientes.
Para garantir um diagnóstico rápido é imprescindível o acompanhamento próximo do paciente. É necessário também um diagnóstico laboratorial com agilidade e sensibilidade para fornecer informações relevantes que irão auxiliar a decisão médica.
As técnicas moleculares são a tecnologia mais avançada para o diagnóstico de sepse. A grande vantagem é o tempo reduzido de resposta em comparação às metodologias tradicionais, o grande número de patógenos que consegue detectar de uma única vez e também a identificação dos genes de resistência aos antibióticos.
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