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A importância da doação de medula óssea para salvar vidas

A Semana de Mobilização Nacional para Doação de Medula Óssea, realizada anualmente entre os dias 14 e 21 de dezembro, tem como objetivo aumentar a conscientização sobre o impacto transformador desse gesto de solidariedade. Durante esse período, a campanha busca ampliar o número de doadores cadastrados no Registro Nacional de Doadores de Medula Óssea (REDOME) e reforçar a importância de manter os dados atualizados.

O que é a medula óssea?

A medula óssea é um tecido localizado no interior de ossos como o esterno, os quadris e a bacia. Sua principal função é a produção de células sanguíneas, incluindo:

  • Glóbulos vermelhos (hemácias): responsáveis pelo transporte de oxigênio para os tecidos do corpo.
  • Glóbulos brancos (leucócitos): fundamentais para o sistema imunológico e combate a infecções.
  • Plaquetas: essenciais para a coagulação sanguínea.

Quando a medula óssea não funciona corretamente, a produção dessas células é comprometida, resultando em graves consequências para a saúde do paciente, como anemia severa, infecções recorrentes e dificuldades de coagulação. Esses quadros são característicos de doenças como leucemia, linfoma e anemia aplástica, que podem ser fatais sem um tratamento adequado.

Por que a doação de medula óssea é tão importante?

A doação de medula óssea é essencial porque oferece uma segunda chance de vida para pessoas que necessitam de um transplante. Esse procedimento pode restaurar a capacidade do organismo de produzir células sanguíneas saudáveis, permitindo que o paciente tenha uma boa recuperação.

Entretanto, encontrar um doador compatível é um dos maiores desafios desse processo. A compatibilidade depende de fatores genéticos, especialmente do sistema HLA (Antígenos Leucocitários Humanos), que apresenta alta variabilidade devido à diversidade genética da população.

Por isso, é crucial aumentar o número de doadores registrados no REDOME. Cada novo cadastro representa uma nova possibilidade de salvar vidas, ampliando as chances de encontrar doadores compatíveis para pacientes que aguardam na fila do transplante.

Como se tornar um doador de medula óssea?

A Associação da Medula Óssea (AMEO) elaborou um passo a passo que explica o processo:

1 – Cadastro inicial

Para se cadastrar como doador, você pode realizar o cadastro em campanhas de doação ou em um Hemocentro. No site da AMEO, você pode encontrar o Hemocentro mais próximo da sua casa digitando o seu CEP.

Para o cadastro, será necessário fornecer uma amostra de sangue e preencher uma ficha cadastral. Após aproximadamente dois meses, seus dados estarão disponíveis no REDOME (Registro Nacional de Doadores de Medula Óssea), que, em suma, é um registro nacional do Ministério da Saúde. Cada estado tem um cadastro e eles enviam todos os dados ao registro nacional.

2 – Aguardar compatibilidade

A genética determina a compatibilidade de medula. Isso significa que pode levar meses ou até anos para encontrar um doador compatível. Se encontrarem você como um possível doador compatível, solicitarão que você forneça uma nova amostra de sangue para confirmar a compatibilidade.

Nessa etapa, é fundamental manter seus dados de contato atualizados, para que o processo possa ser iniciado rapidamente.

3 – Avaliação médica

Após a confirmação da compatibilidade, você passará por uma avaliação médica detalhada. Com base nos resultados, o médico definirá o método de coleta mais adequado: aférese ou punção no osso da bacia.

4 – Realização da doação

Existem duas maneiras principais de coleta da medula óssea: a punção no osso da bacia e a coleta de células-tronco por aférese.

A primeira forma é a coleta diretamente da medula óssea, realizada por punção no osso da bacia. Este procedimento é feito sob anestesia local e leva cerca de 60 minutos. Após a coleta, o doador permanece em observação por algumas horas, geralmente durante o dia, e a recuperação é rápida.

A segunda opção é a coleta de células-tronco, por meio de aférese. Neste processo, o doador recebe um medicamento por cinco dias para estimular a produção de células-tronco no sangue. No sexto dia, o sangue é coletado e, por meio de uma máquina, as células-tronco são separadas e o restante do sangue é devolvido. A coleta dura de 4 a 6 horas.

Embora o medicamento utilizado possa causar efeitos colaterais temporários, como dores no corpo, semelhantes aos sintomas de gripe, esses efeitos são geralmente leves e podem ser controlados com analgésicos. Após a doação, o doador não necessita de transfusão de sangue, já que a produção de células sanguíneas será retomada naturalmente.

Quem não pode se cadastrar para doar medula óssea?

Existem certas condições médicas que podem impedir alguém de ser um doador de medula óssea, pois podem pôr o transplante em risco. Algumas dessas condições incluem:

  • Pessoas com menos de 18 anos e mais de 35 anos;
  • Portadores de HIV/AIDS;
  • Portadores de Hepatite B e C;
  • Pessoas que tiveram ou têm algum tipo de câncer;
  • Pessoas com doenças autoimunes como: Artrite Reumatóide, Lupus, Fibromialgia, Esclerose Múltipla, Psoríase, Vitiligo, Síndrome de Guillain-Barre, Púrpura, Síndrome Antifosfolipídica, Síndrome de Sjogren, Doença de Crohn, Espondilite Anquilosante;
  • Pessoas com epilepsia;
  • Portadores de IST (exceto Herpes, HPV, Clamídia e Sífilis)
  • Portadores de diabetes (exceto diabetes bem controlada por dieta ou medicamento).

Apoio aos pacientes transplantados ou que estão na fila de espera

A Associação da Medula Óssea (AMEO) trabalha para tornar o Programa de Transplante no Brasil mais acessível. Assista ao depoimento da Dra. Carmen Vergueiro, médica hematologista e fundadora da AMEO, e conheça um pouco mais sobre o trabalho de apoio aos pacientes transplantados ou que estão na fila de espera.

Projetos sociais e educativos da AMEO

A AMEO também trabalha em projetos relacionados à educação, formação e divulgação de conhecimento, pois é fundamental que cada vez mais pessoas conheçam como funciona todo processo até a realização de um transplante. Um desses projetos é o Educar para Doar, que oferece um programa para escolas com o objetivo de ensinar sobre a importância da doação de sangue como um ato de cidadania. Em suma, a equipe da AMEO utiliza estratégias de teatralização e pesquisas para discutir a necessidade de ter doadores comprometidos com a doação de sangue e a falta constante de doadores nos Hemocentros. Com esse projeto, é possível explicar, também, como realizar o cadastro no REDOME.

Além disso, a AMEO iniciou em 2019 o projeto Mapa do Transplante de Medula Óssea, que reúne os dados dos transplantes autólogos e alogênicos realizados no Brasil. Este banco de dados foi criado para ajudar pacientes, familiares e profissionais de saúde a obter informações nacionais sobre o Transplante de Medula Óssea.

Ele possui um portal público, onde todos os dados estão disponíveis de forma anônima, e um portal exclusivo para os hospitais, que requer uma senha individualizada para acessar os gráficos. O Mapa de dados é apresentado de forma fácil e interativa, permitindo que o público em geral consulte os números gerais de transplantes, a distribuição por regiões do país e também visualize resultados parciais ao filtrar de acordo com seus interesses.

Confira mais sobre o assunto no depoimento da Carmen Vergueiro.

Campanha Transforme-se

Diversas ações têm o intuito de aumentar a abrangência de potenciais doadores, como a Campanha “Transforme-se”. O projeto conta com uma série de vídeos documentais, onde os transplantados contam suas histórias de vida e todo o processo de receber um novo órgão. A ação conta, também, com publicações nas redes sociais. Pois, com o grande número de pessoas que utiliza estas plataforma, é possível aumentar a conscientização.

A campanha Transforme-se tem o apoio de algumas organizações sociais, entre elas o Instituto do Bem, Instituto Gabriel, Associação da Medula Óssea (AMEO) e Associação Brasileira de Transplantados (ABTX). Em suma, o objetivo é passar a mensagem de que, por meio da doação, a vida de outras pessoas pode continuar. 

Doe medula óssea, doe esperança

Seja um herói na vida de alguém. Considere tornar-se um doador de medula óssea. Pois, um simples gesto de se cadastrar pode ser o início de uma jornada que transforma a vida de outra pessoa, trazendo esperança, saúde e a oportunidade de viver plenamente.

Juntos, podemos fazer a diferença e mostrar que a solidariedade é a força que une e salva vidas.