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A clamídia é uma infecção causada pela bactéria Chlamydia trachomatis, transmitida através do contato sexual direto. Segundo a Organização Mundial da Saúde é a mais comum de todas as DSTs bacterianas, apresentando 131 milhões de novos casos todos os anos.
A infecção afeta homens, mulheres e também crianças através da transmissão da mãe para o bebê durante o parto normal. As mulheres jovens, até os 24 anos, são a população mais afetada e que apresentam maior risco.
O grande desafio para o controle da doença está justamente no seu diagnóstico. Pessoas infectadas geralmente não apresentam sintomas, cerca de 50% dos homens e até 70% das mulheres são assintomáticas. Esse cenário dificulta o reconhecimento da doença e o seu tratamento logo no estágio inicial, mas apesar de não manifestar nenhum sinal visível, isso não significa a ausência de danos ao organismo.
Por essa razão, o diagnóstico correto e precoce da clamídia é essencial para prevenir complicações e sequelas associadas a uma infecção prolongada. Os exames tradicionais para o diagnóstico como citologia, imunofluorescência direta e indireta, cultura entre outros mostraram-se pouco eficientes por apresentarem baixa sensibilidade, dificuldade de execução, dificuldade de coleta, e/ou baixa especificidade, que os inviabilizam na rotina diária.
Os testes moleculares, além de alta sensibilidade e especificidade, são menos invasivos podendo ser realizados com swab cervical e uretral ou em amostras de urina. A detecção do DNA da bactéria na urina permite realizar uma triagem não invasiva, principalmente para pacientes assintomáticos.
A infecção por Chlamydia trachomatis geralmente apresenta-se com o surgimento de secreções na região genital, dor ao urinar e após as relações sexuais. Como os pacientes, principalmente as mulheres, apresentam poucos ou nenhum sintoma a infecção não é tratada, facilitando a transmissão para os parceiros sexuais e a disseminação da doença.
A bactéria pode atingir o trato genital superior do aparelho urinário ocasionando a infertilidade, tanto em homens quanto em mulheres, doença inflamatória pélvica e gravidez ectópica (que ocorre fora do útero).
Uma grande preocupação é o risco da transmissão da mãe para o bebê durante o parto normal, pois o recém-nascido pode desenvolver uma infecção ocular (conjuntivite) ou pulmonar (pneumonia) dentro dos primeiros 15 dias de vida. Cerca de um terço dos neonatos expostos ao patógeno durante o parto podem ser afetados. A infecção pode provocar ainda o parto precoce e até a morte neonatal.
O meio mais eficaz de prevenir a infecção por clamídia em recém-nascidos é examinar e tratar as mulheres grávidas antes do parto, além de tratar também o parceiro para que não tenha infecções recorrentes.
Novas diretrizes terapêuticas para o tratamento da clamídia foram emitidas pela Organização Mundial da Saúde em resposta à crescente ameaça de resistência aos antibióticos.
A doença é geralmente curada com antibióticos, mas a resistência tem aumentado rapidamente nos últimos anos, pois os medicamentos estão perdendo a eficácia devido a seu uso excessivo e a sua má utilização.
A biologia molecular é mais sensível e também menos invasiva para realizar o diagnóstico de clamídia.
A técnica de PCR (Polymerase Chain Reaction – Reação em cadeia da Polimerase) consiste basicamente na amplificação in vitro usada para aumentar o número de cópias de uma região do DNA, a fim de produzir DNA suficiente para análise adequada. Essa amplificação detecta com rapidez e sensibilidade até pequenas quantidades de ácidos nucleicos na amostra, realizando o diagnóstico em tempo real.