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Embora as transfusões de sangue salvem vidas e devam sempre ser incentivadas, elas não estão livres de complicações. Quadros alérgicos, de leve a grave, contaminações bacterianas, virais ou por parasitas, e até mesmo a incompatibilidade transfusional são alguns dos riscos associados às transfusões sanguíneas. Contudo, é a chamada Lesão Pulmonar Aguda Relacionada à Transfusão – TRALI – que vêm preocupando médicos hematologistas ao redor do globo.
Reconhecida como entidade clínica em 1985, a TRALI é uma complicação grave relacionada às transfusões sanguíneas, sobretudo aquelas que evolvem o plasma. Pois, é no plasma que se concentram os anticorpos anti-HNA (Antígeno Neutrofílico Humano) e anti-HLA (mais informação sobre HLA) e seus subtipos, que quando encontram antígenos correspondentes na pessoa que está recebendo a doação, podem levar a uma ruptura dos capilares pulmonares, gerando um quadro agudo de edema de pulmão.
“A TRALI ainda é pouco conhecida da classe médica mundial, principalmente no Brasil, o que faz com que seja pouco relatada nos órgãos de controle, contribuindo para uma subnotificação. Além disso, ela costuma ser confundida com a TACO, que é uma sobrecarga pulmonar do volume transfundido, com quadro clínico muito parecido”, explica o hematologista Antônio Fabbron, diretor geral do Diagnósticos Brasil e professor da Faculdade de Medicina de Marília.
No geral, a TRALI ocorre entre uma e duas horas após o recebimento do sangue. Porém, há casos em que os pacientes demoram até seis horas para apresentar os sintomas. Clinicamente, a pessoa acometida pela doença costuma ter um quadro agudo de falta de ar, queda de pressão e febre. No entanto, nem todas as pessoas desenvolvem a Lesão Pulmonar Aguda Relacionada à Transfusão. A incidência é maior em pacientes com algum tipo de infecção, que passaram por cirurgia cardíaca, de tórax, ou com câncer.
Com evolução rápida, podendo ocorrer durante ou até seis horas após o recebimento de sangue, a TRALI e o diagnóstico de prevenção foram pauta da Biometrix no Congresso Brasileiro de Hematologia, Hemoterapia e Terapia Celular, que ocorreu em São Paulo, agora em novembro. Ainda pouco conhecida e, por vezes, confundida com outras complicações das transfusões, é hoje a principal causa de morte associada à transfusão, respondendo por 10 a 15% das ocorrências.
Hoje, o principal procedimento usado na prevenção da TRALI é a aplicação de questionários aos doadores de sangue. Por ele, é possível identificar os grupos com maior prevalência dos anticorpos anti-HLA e anti-HNA. Sabe-se que pessoas que já receberam transfusão e, principalmente, mulheres com um ou mais filhos, têm maior probabilidade de apresentarem os anticorpos desencadeadores da TRALI.
Pela rapidez da evolução e complicação da doença, é essencial que hoje laboratórios e hemocentros busquem uma forma de rastreamento mais detalhada, precisa e rápida como os testes que utilizam a metodologia molecular. Através desses testes, avalia-se o soro e verifica-se a presença dos anticorpos em uma triagem para doação. Por essa avaliação, a adoção desse tipo de teste em larga escala facilita o desenvolvimento de estratégias de prevenção da TRALI, além de aumentar o número de doadores.
O rastreamento preciso pode ser feito através do LABScreen® Multi. Desenvolvido pela One Lambda e comercializado exclusivamente pela Biometrix Diagnóstica, o teste é capaz de realizar a triagem de anticorpos contra antígenos HLA de Classe I e II e antígenos HNA.
“O produto já tem registro nos Estados Unidos, onde a utilização está se tornando rotineira. Aqui, já temos o registro na ANVISA, mas o teste ainda não é contemplado pelo SUS, nem em laboratórios particulares. Apesar disso, acredito que com base na provável frequência dos anticorpos na população de doadores, a tendência é que seja adotado após a finalização de um importante estudo multicêntrico em fase de desenvolvimento no Brasil”, explica Marcelo Mion, gerente do laboratório da Biometrix.