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A toxoplasmose é uma doença causada por um protozoário chamado de Toxoplasma gondii e que acomete milhões de pessoas no mundo todo. Para a maioria das pessoas a toxoplasmose não apresenta nenhum sintoma, cerca de 90% dos casos, e pode até passar despercebida. Porém existe uma grande preocupação em relação às mulheres grávidas.
A forma congênita da doença, passada da mãe para o feto durante a gravidez, costuma ser crítica. O protozoário atinge o feto por via transplacentária causando danos ao bebê com diferentes graus de gravidade.
A Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS) publicou este mês uma resolução que obriga os planos de saúde a realizar um exame mais sensível para as gestantes com toxoplasmose.
Esse exame, que utiliza uma metodologia chamada de PCR, é realizado através do líquido amniótico que envolve o feto dentro da barriga da mãe. Caso o exame acuse a presença do DNA do protozoário no líquido é uma indicação de que o feto tem a doença e então a mãe e o bebê já começam a ser tratados com os medicamentos corretos, prevenindo ou diminuindo as sequelas.
A intenção é oferecer às gestantes um diagnóstico mais sensível para a detecção precoce da infecção congênita, evitando complicações graves para o feto.
Essa cobertura entra em vigor a partir do dia 2 de janeiro de 2018, sendo obrigatória para todos os planos de saúde.
A infecção pelo Toxoplasma gondii pode levar a abortos espontâneos e bebês natimortos (que morrem dentro do útero ou durante o parto). Também pode causar prematuridade e retardo no crescimento intrauterino.
Pode causar ainda danos cerebrais graves, incluindo a micro ou macroencefalia, hidrocefalia ocasionando retardo neuromotor ao bebê. Entre as sequelas também estão os problemas oculares, como microftalmia, estrabismo e destruição da retina, levando inclusive a cegueira. Há também manifestações hepáticas, como a icterícia neonatal, conhecida popularmente como amarelão.
As sequelas da infecção por toxoplasmose ao feto dependem da capacidade da resposta imune da mãe e do período gestacional em que a mulher se encontra. Quanto mais cedo a infecção ocorrer, piores os danos e mesmo que o bebê esteja aparentemente normal ao nascer pode ainda desenvolver sequelas na infância ou adolescência.
No Brasil, 50% a 80% das gestantes e mulheres em idade fértil já foram infectadas e 4% a 5% correm risco de se infectar durante a gestação. Cerca de 40% das gestantes com toxoplasmose aguda transmitirão o Toxoplasma ao feto.
O grande problema é que mais de 90% dos casos são assintomáticos, ou seja, não tem nenhum sintoma, e por essa razão é essencial para a saúde da mãe e do bebê que seja realizado o acompanhamento e diagnóstico precoce.
No Brasil, 50% a 80% das gestantes e mulheres em idade fértil já foram infectadas por Toxoplasmose e 4% a 5% correm risco de se infectar durante a gestação |
A toxoplasmose é transmitida através dos cistos/ovos do Toxoplasma gondii, geralmente encontrado nas fezes de gatos. Esses animais se infectam com ovos do parasita que passam para seus dejetos.
As pessoas são contaminadas através da ingestão desse cisto na da água ou alimentos. As principais fontes de contaminação são a ingestão de carnes cruas ou malpassadas, frutas e hortaliças mal lavadas. É importante cuidar muito da alimentação, lavar bem as frutas e vegetais e cozinhar bem os alimentos para destruir os parasitas, além de evitar contato com locais que possam eventualmente conter fezes de felinos, especialmente durante a gravidez.
Se a gestante já foi infectada anteriormente (até 6 meses antes do início da gestação), desenvolveu imunidade à doença. O grande problema é quando ela é infectada durante a gestação, principalmente nos primeiros meses.
Por isso é tão importante realizar o pré-natal, pois os exames podem identificar se a mulher já entrou em contato com o protozoário e criou anticorpos contra o parasita ou se existe alguma infecção em curso (lembrando que a maioria das pessoas não apresenta qualquer sintoma).
O diagnóstico é fundamental para que seja realizado um acompanhamento médico correto a fim de decidir a melhor conduta e ações de prevenção que devem ser tomadas, evitando complicações para a gestante.
A PCR permite realizar várias cópias de um segmento específico de DNA com rapidez e precisão em um tempo muito curto. Ou seja, o método é utilizado para fazer milhões de cópias de uma determinada parte do DNA.
Assim, mesmo que a infecção esteja no início, o exame é muito mais sensível, permitindo realizar o diagnóstico precoce da doença. A variação desse exame, PCR EM TEMPO REAL, é ainda mais sensível e mais rápida, podendo gerar o resultado em até duas horas e meia, além de ser possível realizar através de uma amostra de líquido amniótico.
*Com informações da Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS)
Ministério da Saúde. Atenção à Saúde do Recém-Nascido.